Boas pessoal

Descendo de uma familia maioritariamente composta por pescadores...a próximidade ao rio Tejo terá tido a sua influencia...uns profissionais, outros simplesmente por lazer, mas quase todos conhecem os buracos de Cacilhas á Arealva onde podem tirar um bom safio...uns já partiram, outros continuam entre nós...já velhinhos...caçadores, na minha familia, só o meu bisavô e o meu querido Pai...lembro-me de em criança em idade de primária de ver chegar o meu Pai, ás tantas da noite, com umas peças de caça e pensar que nunca mais chegava a altura de o poder acompanhar...lembro-me perfeitamente da ansiedade de, com 16 anos, em plena véspera da abertura ás rolas imaginar mil e um cenários do que iria ser a minha estreia...tenho saudades de percorrer aqueles cabeços anexos ao Guadiana que eram tão ferteis em caça...tenho saudades de percorrer aqueles barros de Baleizão que tanto me moeram os rins...tenho saudades das dormidas aos tordos no Freixo...bem juntinho ao Redondo...tenho saudades da Pantufa, do Record, da Bica, da Laica, do Boby, do Pirata e de tudo o que de bom estes companheiros me proporcionaram, lances inesqueciveis que quase á trinta anos atrás ainda perduram, e bem, na minha mémoria...tenho saudades de ligar sábado á noite para o padeiro em Mora, para saber de umas dicas sobre os pombos...tenho saudades de caçar com o meu Pai, o meu companheiro de sempre...a visão "atraiçoou-o"...tenho saudades do terreno livre como eu o conheci, sempre cultivado e com muita caça...tenho saudades do Manuel Farinha que juntamente com o meu Pai me ensinaram conceitos éticos sobre a caça que não vêm nos livros...tenho saudades da liberdade...Mas acompanho a evolução dos tempos com um sorriso nos lábios, sempre esperando por dias melhores, por uma caça mais justa para todos...Continuam as boas amizades e as belas patuscadas junto daqueles que gostamos de privar...tenho saudades de vocês todos...

Boas palavras João, acompanho-te na tua paixão e nas tuas recordações, afinal a família caçadora ainda faz mexer muita coisa, mesmo com tantas alterações ao longo dos anos, continuamos a subsistir e a juntarmo-nos uns com os outros.
Por tudo isto VIVA A CAÇA e tudo de bom ao redor dela.

Grande Gil

É isso João gostei de ler o teu post, que por sinal me identifico muito, apenas não sou da mesma época...
Mas acrescentando ao que escreveste, alegra-me pensar que tenho um filho 5 anos e que ele ainda possa vir a desfrutar desta nossa paixão
Assim ele tenha gosto por isto

Lindas palavras João!!

Todos temos muito bons momentos para recordar, sem duvida que cada um de nós já conta com belas recordações

Continua com esse amor pelo "vicio"!!!

Abraço
Rogério

eu tambem tenho saudades de muitas coisas em relação á caça principalmente do terreno livre
que deus nos dê força para que continua-mos a fazer algo por um desporto que nasceu conosco

...Como muitos a caça já corria nas veiascom os meu antepassados diretos,e também porque sempre fomos compostos de seres CAÇADORES-RECOLETORES.

Considero a caça(com o respeito merecido ao camarada Bredaaries)nao um desporto mas uma forma de ser! :

- SER CAÇADOR!

sim sr muitos parabens isto sim e SER CAÇADOR

è o que me faz levantar todos s dias de caça, a paixão, o companheirismo e as saudades do meu pai

parabens amigo JOAO pela partilha,quanto amim revejo-me nela 100%

Caros amigos e COMPANHEIROS
Tambem sou só eu na minha familia que tem a paixão pela caça.Comecei por armar ratoeiras aos pardais e outros.Depois comecei a armar ao "ramo"com varas de visco e chamarizes.Isso é que eu gostava de ouvir os duelos entre os "prisioneiros"e os ainda livres.Com os verdelhões e tintelhões então era um espectáculo.Fui depois para Angola,zona dos Dembos e Bom Jesus.Zona MUITO PERIGOSA mas com muita caça.Antílopes,pacaças,facocheros e javali comum era "mato"já não contando com gibóias,mabecos,e sei lá mais o quê.No rio Zenza como tinha junto ao meu destacamento uma companhia de Caçadores do R:I: de Luanda eles pediam-me para ir aos Bagres que são o Peixe-gato que se vende agora em filetes nos super-mercados.E então lá ia eu com 1 ou 2 petardos de Trótil de 1 Kg cordão lento e detonador pirótecnico.Era um "ver se te avias"a apanhar o peixe a boiar que eles depois secavam em cima das tendas.Durante uns dias havia um pivete a peixe não direi pôdre,mas,,,e eles depois comiam aquilo com a funje.Saía 2/3 vezes por semana com eles,muitas vezes era o único branco em cima do unimog,NUNCA MAS NUNCA tive problemas com eles.A caça era dividida por todos ou para o "rancho".Foi assim que apanhei o vicío da caça.Tambem hoje tenho saudades de poder andar um dia inteiro "sem chocar" com placas de caça associativa ou turistica,que foi a espécie que mais cresceu no Alentejo e não só.E vai morrer comigo pois nenhum dos meus filhos quer saber de caça.Cumprimentos

Grande Gil,
usas uma das palavras mais bonitas para mim da lingua portuguesa a saudade que significa não só a emoção da lembrança de coisas boas passadas mas acompanhada do desejo de as tornar a ver... há coisas joão que não poderam passar da tua memoria, mas não duvido que vais ter muitas mais para teres Saudade... Saudade essa que é sinonimo de estar-mos vivos... sabes que sou novo nestas andanças, mas já tive a flicidade de encontrar um companheiro como tu, para ficar na minha memoria a saudade de momentos bons que passemos juntos!!!

Grande Abraço e obrigado pelas tuas palavras

É o nosso fado

Amigo Gil essas são as palavras de um caçador, PARABENS, todos nós CAÇADORES, temos saudades, tantos dos companheiros que já não nos podem acompanhar, como dos que já não estão entre nós, até das situações que não podemos voltar a repetir, devido aos novos tempos, eu proprio sou descendente de uma familia de caçadores, o meu pai é caçador e meu saudoso avô tambem o era, foi com ele que comecei a caçar sem que o meu pai soubesse, pois não tinha idade para tal, já se passaram muitos anos, que traduzem muitas saudades... Hoje tenho o meu filho de 14 anos que me acompanha sempre que é possivel desde os 5 anos, para mim era uma felicidade muito grande que ele desse continuidade às minhas armas...

"No inicio dos anos 80 era habitual partir-mos para o Alentejo no sábado da parte da tarde...o destino era Baleizão...Joaquim Trancão e Maria Rosa recebiam-nos de braços abertos...Ti Jaquim era feitor no "Monte Vale de Alcaide" e assim continuou depois do 25 Abril, prestando religiosamente contas ao seu patrão do que o extenso olival produzia...preparavam-nos sempre um quarto que era iluminado á luz das vélas...tinhamos sempre um petisco á nossa espera para jantar...longos e animados eram aqueles serões iluminados á luz dos candeeiros a petróleo...Ti Jaquim era daqueles Alentejanos que não davam um tiro a um tordo...um desperdicio, dizia ele...tempos mais tarde passou a viver no "Monte da Atouguia", mais junto á estrada principal, mas a recepção que nos davam...era sempre a mesma...terra fértil em lebres e perdizes, também tinha uns belos coelhos, num barranco que atravessava na propriedade...foi ali que vi muito ao longe uma Abetarda...animal timido que não se deixa chegar perto...notava-se nos seus rostos a alegria, quando chegavamos...que estejam em paz...tenho saudades vossas..."

Amigo João Gil

Belo relato. Recordar é viver.

A caça (e certamente a pesca) é um ritual que praticamos com prazer e que não se esgota no acto venatório propriamente dito.

Quando recordamo aquele lance ou aquele episódio que vivemos nos bons momentos de convívio e confraternização renova-se o nosso GOZO e reforçam-se as amizades.

Muitas histórias teriamos para contar.

Um abraço

Saudades

Amigo Gil, foi uma época de ouro, tambem eu e o meu pai tinhamos o amigo Ti Toino João e a Srª Maria que eram caseiros numa quinta perto de Evora em Guadalupe, fomos sempre muito bem recebidos, muitas vezes iamos a familia toda, onde passamos muitos fins de semana nas épocas de caça, ainda hoje tenho contacto com a Srª Maria e a sua familia, que agora moram em Moura mas que me continuam a receber-me como dantes, os tempos passam mas as boas amizades ficam...

Sem dúvida nenhuma, amigo João...

João Gil escreveu:

"No inicio dos anos 80 era habitual partir-mos para o Alentejo no sábado da parte da tarde...o destino era Baleizão...Joaquim Trancão e Maria Rosa recebiam-nos de braços abertos...Ti Jaquim era feitor no "Monte Vale de Alcaide" e assim continuou depois do 25 Abril, prestando religiosamente contas ao seu patrão do que o extenso olival produzia...preparavam-nos sempre um quarto que era iluminado á luz das vélas...tinhamos sempre um petisco á nossa espera para jantar...longos e animados eram aqueles serões iluminados á luz dos candeeiros a petróleo...Ti Jaquim era daqueles Alentejanos que não davam um tiro a um tordo...um desperdicio, dizia ele...tempos mais tarde passou a viver no "Monte da Atouguia", mais junto á estrada principal, mas a recepção que nos davam...era sempre a mesma...terra fértil em lebres e perdizes, também tinha uns belos coelhos, num barranco que atravessava na propriedade...foi ali que vi muito ao longe uma Abetarda...animal timido que não se deixa chegar perto...notava-se nos seus rostos a alegria, quando chegavamos...que estejam em paz...tenho saudades vossas..."

Sou filho de um alentejano e vêem-me as lágrimas aos olhos com este relato.
Nunca cacei no Alentejo propriamente dito, uma vez que a minha aldeia é paredes meias com o Alentejo, só estamos separados pelo rio Tejo.
Mas as lembranças de dias de caça com amigos e termos o "Ti Chico" nos Montes Claros á nossa espera com o seu rebanho de ovelhas para nos brindar com um belíssimo ensopado feito no monte numa "caçola" de barro, que tempos, e era sempre caça com fartura e ao final do dia ainda vinha ás vezes um "coelho preto".
A palavra certa é mesmo "saudades".

ganda gil

Allo..


É mesmo uma paixão a porra da caça..