jmet Aprendiz
Sexo : Nº. Mensagens : 80 Idade : 72 Localização : lisboa Ocupação : jornalista Humor : bom Data de inscrição : 27/12/2011 Pontos : 210
| Assunto: Abletes, barbos e... água Dom Nov 03, 2013 5:59 pm | |
| Este Verão, os meus amigos caçadores - e pescadores quando a caça está interdita - convidaram-me para nova pescaria, no mesmo local recôndito do Sorraia. - Vai ser mais uma bela pescaria e uma almoçarada daquelas. - Disse-me o Antunes, de novo o organizador da expedição. - A diferença - acrescentou - é que o Batista vai levar a neta, que também gosta de pescar.
Como de costume, ele, o Matos e o Batista entretiveram-se a apanhar abletes, assim como a Beatriz, alardeando todo o entusiasmo dos seus 15 anos. E eu dediquei-me aos barbos, à inglesa. Depois, veio o inevitável pic-nic.
O Matos levou o vinho, da colheita pai, da zona do Cartaxo, como habitualmente. A mesa foi generosa e o vinho arrancou as costumadas saudações.
À semelhança dos anos anteriores, o Antunes, quando topou que o Batista tinha a sua garrafa quase vazia, começou a espicaçar-lhe a veia poética. Mas o Batista, desta vez, foi taxativo: - Não, meus amigos. Hoje não têm sorte nenhuma, comigo. Se quiserem, convençam aí a minha neta, que nesse particular saiu ao avô.
Todos nos virámos para a ladina Beatriz que, corada que nem um tomate, assentiu em fazer as honras do breve sarau poético.
- Bom, então lá vai... – Disse a adolescente.
Voltei a sacar do mini-gravador que me acompanha sempre e registei o seguinte, que aqui partilho convosco.
Disse a jovem, erguendo-se e aclarando a sua bela voz, doce e cristalina:
- Correspondendo aos vossos pedidos, e muito agradecida por me terem proporcionado este belo dia de diversão, de minha autoria, vou dizer uma despretensiosa poesia intitulada “Água Minha”.
Água minha minha seiva minha sede gotas de mel na agrura de um campo de degredo
Segunda pele ainda mais pura ainda mais doce e cúmplice que a aventura ciciada de um segredo
Fina loucura tão transparente suave e muda e colorida como uma nuvem uma aurora ou um poente
Eu não me atrevo a beber-te de um só trago quero-te lenta e quero-te quente na ternura de um afago
Quero-te ao norte quero-te ao sul toda alquimia de um poema debruado e tecido em tons de azul
E quero muito como num fado mergulhar e morrer tão brevemente como morre um afogado
Oh água minha Oh minha seiva Oh minha sede líquido sem cor mata-me já esta fome e esta sede de pecado
Levantámo-nos como um só, à excepção do Batista. E aplaudimos e cumprimentámos demoradamente a encantadora Beatriz. O babado avô, esse, manteve-se sentado a lutar heroicamente contra umas atrevidas lágrimas. Mas elas acabaram por levar a melhor. |
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Herminio Moderador
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| Assunto: Re: Abletes, barbos e... água Dom Nov 03, 2013 6:45 pm | |
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jorgemeida Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 9468 Idade : 59 Localização : lisboa Ocupação : eletrecista--desempregado Humor : razoavel Data de inscrição : 19/04/2012 Pontos : 10917
| Assunto: Re: Abletes, barbos e... água Dom Nov 03, 2013 11:37 pm | |
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João Gil Administrador
Sexo : Nº. Mensagens : 30750 Idade : 57 Localização : Costa da Caparica Ocupação : muito ocupado Humor : sempre Data de inscrição : 09/12/2009 Pontos : 36162
| Assunto: Re: Abletes, barbos e... água Seg Nov 04, 2013 6:58 pm | |
| Está excelente...para não variar... |
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| Assunto: Re: Abletes, barbos e... água | |
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