Segundo a SOS Lince (ONG portuguesa em parceria com a organização espanhola “Ecologistas en Acción” – Andaluzia) organização dedicada à conservação do deste felino, nasceram no passado dia 29 de Março de 2005 as primeiras três crias de lince-ibérico em cativeiro. A mãe das crias é uma fêmea capturada em Doñana em 2002.

Segundo a mesma ONG, existem 13 linces (8 fêmeas e 5 machos) em cativeiro, nos dois centros de acolhimento da Andaluzia. A reprodução em cativeiro vai ter um papel muito importante no esforço colectivo de preservar e recuperar esta espécie, criando as condições para o reforço das populações selvagens e manutenção da integridade genética da espécie. Um novo centro de grandes dimensões está a ser construído em Jaen, na Andaluzia.

Existe um consenso generalizado, que é imprescindível que a população em cativeiro se encontre distribuída por vários centros, em “Castilla La Mancha” e na “Extremadura”. Assim, a criação de um centro no nosso país, é um passo fundamental, para a recuperação do lince na Península, pois desta forma, estaremos a minimizar os riscos de um surto de virose.



O objectivo do programa de reprodução é chegar a 2010 com cerca de 60 animais (quer através de reprodução quer da captura de mais animais), e desta forma efectuar as reintroduções tão necessárias na natureza. Mas, para que animais de cativeiro tenham hipóteses de sucesso, é fundamental que as medidas de conservação e recuperação dos habitates estejam bem implementadas.

No entanto, tal como afirmam os próprios responsáveis pelo programa, a reintrodução não pode ser considerada como um substituto da conservação das populações selvagens e dos seus habitates naturais. A conservação e a recuperação das populações e dos seus habitates em Doñana e, sobretudo, em Andújar (pois é o maior núcleo), continuarão a ser a grande prioridade. Actualmente existem cerca de 100 a 120 indivíduos, que se encontram em risco de desaparecer.

Segundo a mesma fonte, em Andújar o programa de recuperação tem atingido alguns resultados positivos. Várias organizações, incluindo a Junta de Andaluzia, WWF-Espanha, a Fundação CBD Habitat e o Ministério do Ambiente, estão a desenvolver vários projectos, e já estabeleceram acordos de gestão com quase 80 proprietários da zona, cujas explorações se situam nas zonas mais importantes para o lince. Estes acordos permitem, entre outras coisa, que os biólogos das várias organizações possam entrar e trabalhar à vontade dentro das herdades onde a maioria dos linces se encontram.

Ainda no âmbito desses projectos, a utilização de armadilhas e laços nesta área foi abolida, e nenhum lince morreu devido à caça furtiva ou em acidentes de viação, principais causas de morte de linces, ao longo de 2004. Foram construídos vários cercados para fornecer alimentação suplementar - por exemplo, a fêmeas reprodutoras com muitas crias – compensando desta forma a baixa densidade de coelhos. Áreas de entre 1 a 4 hectares foram fechadas, efectuando, posteriormente, repovoamentos com coelhos, de maneira a possibilitar a entrada do lince mas não permite a de outros predadores como as raposas estão excluídos. As melhorias do habitat estão a criar mais alimentação para coelhos, e por sua vez para linces.



Existem neste momento cerca de 200 armadilhas fotográficas na zona de Andújar, permitindo um acompanhamento eficaz da população e de cada um dos indivíduos, identificados através do padrão das suas pintas. Desde 2002 esta população de lince em cerca de 80 animais, fruto do êxito das medidas tomadas e da boa coordenação entre os responsáveis.

É necessário conseguir também, que estes progressos não sejam neutralizados por projectos de desenvolvimento (urbanísticos ou outros) em zonas chave para o lince.

A sobrevivência dos linces de Andújar vai também depender da evolução das populações de coelho e da prevenção de incêndios florestais, dois factores que continuam a representar graves ameaças.

A população detectável do Parque Nacional de Doñana, no sudoeste da Andaluzia é constituída por 20 a 40 linces adultos, mas encontra-se demasiado fragmentada e isolada, e o seu número é tão pequeno, que as medidas a tomar têm de ser drásticas e imediatas. No ano passado nasceram apenas 4 a 8 crias, e desta forma, os problemas de gestão desta população passam pelo seu isolamento, pela baixa população de coelhos e pelas actividades de caça furtiva que continuam, infelizmente, a ser registadas.

Nos arredores do parque ainda existem novas ameaças. A agricultura intensiva e o trânsito automóvel cresceu nesta zona, e pelo menos dois linces morreram atropelados durante 2004.

O futuro desta espécie continua negro, mas a esperança é a última a morrer.

A CONFAGRI, entendendo o importante papel que a agricultura e a floresta têm na conservação de todas as espécies da nossa fauna e flora, contribui para este esforço divulgando o avanços e retrocessos (que esperemos sejam poucos) de programas de recuperação. Se necessário, contribuirá para a sensibilização dos nossos agricultores, no sentido de proteger os linces, e outras espécies em risco, e dos seus habitats, bem como na implementação de medidas que se revelem necessárias e eficazes.


Fonte: SOS Lince