- Ribeiro, eu quero é roubar!
- Pois, pois, isso não devia valer.
- Qual quê... A roubar a luta é o triplo.
Este diálogo tive-o no sábado, dia 15, com o meu especial amigo e companheiro de pesca Ribeiro, na vala da Caneja.
Tinha acabado de pescar uma fataça com bem mais que um quilo, ferrada como manda o figurino, pela boca. Sendo que deu menos luta que uma (mais pequena) pescada anteriormente pela barbana caudal.
Foi fantástico! Já há mais de um ano que não pescava uma fataça. Eu e o meu companheiro fizemos um pesqueiro para tentar uns pimpões e uns híbridos, perto da margem contrária. Ao fim de uma hora, nada. Aliás, nada não. Pesquei uma enguia pequenina, que com grande trabalho devolvi desanzolada à água.
- Vamos mas é fazer-nos às fataças - Alvitrou o Ribeiro.
- É já. - Disse eu, retirando da mochila o respectivo engodo.
- Estão difíceis. - Disse eu, ao falhar mais uma ferragem perante um mini-toque tremelicante.
O toque seguinte foi mais consistente. Ferro e bingo! A primeira sensação foi a de que tinha o anzol preso nalgum pau enterrado na lama. Depois foi a constatação de que tinha um peixe enorme ferrado. Corrida para frente. Depois para a esquerda. Inversão para a direita. Tentativa de se enfiar nos caniços. Esforços desesperados da minha parte. E, enfim, novamente em frente e novas repetições das tentativas de fuga para todos os lados e investidas para os caniços..
- Olha, vem roubada, vem pelo rabo. - Disse, às tantas, o Ribeiro.
- Por isso é que parecia ter três quilos em vez de um. Disse eu.
Pouco depois, ferrei a tal fataça pela boca e, a seguir, ferro outra, roubando-a pelo dorso. Nova batalha, que a custo ganhei.
Depois, mais nada quanto a fataças. Ou foi porque o vento parou, ou porque é mesmo assim (lembro-me de outras pescas, no Ruivo, em que entraram e depois de duas ou três tiradas desapareceram).
O meu amigo Ribeiro, que suspirava por uma fataça, teve que trabalhar arduamente para sacar três pimpões. E eu mais nada.
- Oh Ribeiro, tu tinhas que dar nos pimpões, afinal não é em vão que tens a alcunha de "rei dos pimpões".
- Eh pá, calhou. Tenho lá culpa que entrassem no pesqueiro das taínhas.
- Ora Ribeiro, tu até és capaz de tirar pimpões na cabeça de um tinhoso.
- Lá isso é verdade. Mas também te digo que nunca vi um larápio de fataças como tu.
PS: O almoço foram sandes, que nós não somos nenhuns lambões. A não ser às vezes, claro...