No ano passado, mais precismente em 4 de Agosto de 2012, fui à pesca com um amigo para a pista de pesca de Santa Justa, junto à vila do Couço.
Quando intentámos iniciar o regresso, o carro ficou atascado na areia (o objectivo de o manter sempre à sombra levou a uma certa imprevidência quanto ao local do estacionamento).
O meu companheiro e condutor, deslocou-se então, a pé, ao Couço, em busca de auxílio.
Ao fim de 40 minutos, regressou, numa carrinha de caixa aberta, conduzida por um por um sujeito com perto de 70 anos, muito simpático e prestável.
Engatada uma corda aos dois veículos, o carro desatascou-se de imediato.
Questionado sobre quanto era o trabalho, o nosso salvador disse que não era nada e que tinha tido muito gosto em ajudar, frisando que não era a primeira vez que ele e o filho desenrascavam pessoas nas mesmas circunstâncias.
Tentei, então, que aceitasse uma oferta monetária, para beber uma cerveja. Recusou, dizendo: “Ora, amigo, isso não é para gente, assim até me ofende”.
Soube, depois, que o meu companheiro tinha pedido ajuda, no Couço, logo à entrada da vila, onde encontrara uns velhotes sentados, junto à sede local do PCP. Foram eles que lhes indicaram o bom samaritano, que estava no interior da sede.
À noite, depois de ter contado o episódio à minha mulher (entretanto malogradamente falecida), pus-me a pensar que é por coisas destas, como o apoio desinteressado e amável do velho comunista, que continuo a manter a minha fé na humanidade e a gostar da vida e das pessoas, em geral.
PS: Os barbos colaboraram. Sem nos esforçarmos muito, apanhámos mais de 30, em conjunto, em cerca de quatro horas, pescando à inglesa.