Que homem é este, que tem por mim, um cuidado, um amor que eu diria incondicional... Que homem é este, que apesar de mãos grandes e pesadas, segura-me com tão doce segurança. Que homem é este, que às vezes passa horas ao meu lado, quando estou doente, e zela por minha recuperação. Já me disseram que sou prisioneiro dentro de uma bela gaiola. Que deveria estar livre, voando... Então por alguns minutos pensei... Qual é o meu destino? Devo seguir a minha espécie e voar? Será que estou indo contra a natureza? Então por alguns minutos meditei... Quantas vezes esse homem cansado, após um dia difícil de trabalho, cedeu a mim suas horas de descanso. E algumas vezes, ao cuidar de meus amigos esqueceu minha gaiola aberta... e eu tive a oportunidade de experimentar essa tal liberdade... mas, ao voar, olhei para aquele homem e, o vi, ali... de pé, me olhando com os olhos tristes e lacrimejando. Que homem é este que chora por mim, Que homem é este que é capaz de amar, mesmo eu não sendo de sua espécie. Que homem é este que esquece de se alimentar, mas nunca se esquece de alimentar-me mas nunca se esquece dos meus remédios. Que liberdade é essa? Mas me sinto prisioneiro deste homem. Mas me sinto contrariando meu destino. Recebo e sinto que ele me ama e jamais irá maltratar-me, Sei que gosta de mim. Sim eu realmente tive a oportunidade de voar, Mas... esse homem me faz sentir livre... E por tal motivo eu voltei... E canto .... canto... Porque sou feliz Porque sei que sou amado e não prisioneiro. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Achei este poema muito realista e então dou o inicio a mais tópico de puro afecto ás aves ,espero que gostem como eu gostei .
Última edição por José Luis em Seg Jun 10, 2013 9:50 pm, editado 1 vez(es)
José Luis Moderador
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Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Seg Jun 10, 2013 9:44 pm
Este belo texto é da autoria do senhor Armimdo Tavares ,que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente no Nacional ,é criador e muito mais que isso nos Arlequins ,ora vejam esta beleza
Hoje rompi a casca e saí do ovo, está algo fofo e quentinho por cima de mim não faço ideia do que é mas é agradável, aqui ao lado, sinto-o, o meu irmão luta para vir para o pé de mim. Não vejo, ainda, mas sei que a mamã o está ajudar a livrar-se da casca, finalmente consigo senti-lo junto a mim, é bom, aquecemo-nos um ao outro enquanto a mamã vai buscar comida para nós. O outro irmão não teve força para sair do ovo mas não faz mal assim até nos vai ajudar quando a mamã nos vem olhar e dar de comer apoiamo-nos nele para nos erguermos melhor. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Que é isto!? O ninho está-se a deslocar e a mamã fugiu, continuo sem ver, mas sinto claridade, estão a dar-me piparotes na ponta do bico, já sei… vem aí papinha mas se a mamã não está quem me mexe? Humm… o melhor é abrir o bico e pedir a comida, o estômago já começa a queixar-se; não sei tossir mas engasguei-me não é a minha mãe quem me está a dar a comida mas esta também não é má… e então! Não há mais... só isto? Ah! Já percebi estava a comer a entrada porque a mamã me está agora também a dar de comer, esta papa é bem melhor é mais saborosa e até parece que me satisfaz mais. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Os dias passam rápido, já abro os olhos e, que bom, tenho três pais o papá e mamã canários e um que não fala para nós mas que também nos dá comida de quando em vez, mas já começo a temê-lo um bocado, dá-nos a comida muito depressa, tem uma fala esquisita que não percebemos mas sabemos que vem aí comidinha quando faz aqueles ruídos esquisitos. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Hoje fazemos seis dias de vida o ovo onde nos apoiávamos desapareceu repentinamente, não fomos nós que o empurramos para fora do ninho, o papá que não é canário revelou-se muito mau. Mesmo quando nos oferece comida já não queremos, escondemo-nos no fundo do ninho para ele não nos ver, mesmo assim hoje agarrou-me, com medo fiz coco na mão dele, é mesmo mau como castigo puxou-me a pata meteu-me os três dedos dianteiros numa coisa esquisita que parece um anel e empurrou-o de tal forma que o dedo traseiro quase colou à minha pata. Magoou-me muito, definitivamente não gosto mais dele! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
É quase noite a mamã conseguiu tirar o anel que aquele malandro também colocou no meu irmão e prepara-se para tirar o meu, espero que não me magoe tanto. Não sei que se passa a mamã bem se esforça mas o meu anel não sai, bem também não admira, sou mais forte do que o meu mano. Sinto frio a mamã não conseguiu tirar o anel e puxou-me com tanta força que caí do ninho, arrasto-me nem sei bem para onde, cada vez estou mais gelado não tenho fome porque comi há pouco mas sinto sono, muito sono, tenho vontade de fechar os olhos o frio já me chega aos ossos a mamã não me vem aquecer sinto-me a desfalecer, acho que me estou a mexer mas não saio do sitio, tenho os olhos fechados pois não tenho força para os abrir mas noto que o novo dia está a chegar pois sinto a claridade, acho que tenho fome mas nem consigo abrir o bico para pedir comida. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Engraçado! Já devo estar morto pois o frio está a passar, parece que estou a passar num túnel de calor está a ficar tão quente que até estou com a pele húmida, será que estou a transpirar!? Já passou o calor do túnel mas continuo rapidamente a aquecer; sinto o calor do meu irmão que incomodado com a minha pele ainda fria se afasta mas eu vou atrás dele, não sei como aconteceu mas estou novamente no ninho. Ah, Lar Doce Lar! Sinto o calor da mamã, pede-me desculpa pois quase me perdeu e diz que não vai tentar tirar outra vez o anel. Também ela apanhou um bom susto quando caí do ninho. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Muitas vezes se mexe o ninho, a mamã fugiu de repente, já sei, é o outro pai mau que a fez fugir. Não sei o que é que ele quer, eu e o meu mano bem nos escondemos mas ele parece gostar de mexer em mim, lá está outra vez aquele calor esquisito, tenta dar-me comida mas eu não como, não gosto dele. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Pronto o ninho já está outra vez no lugar, sinto muita fraqueza, a mamã insiste para que eu coma alguma coisa; com dificuldade lá consigo abrir o bico e a mamã regurgita aquela papa tão gostosa, engraçado depois de comer o primeiro bocadinho fiquei com vontade de mais e a mamã volta a dar-me perante os protestos do meu irmão que também quer comida e atenção, vale-lhe o nosso pai canário enquanto a mamã trata de mim. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Os dias passam rápido, já se foram dez dias depois do que me aconteceu, recuperei e ganhei mais peso, tenho uma plumagem que se revela bonita e quer eu quer o meu irmão já espreitamos cá para fora, às vezes vemos o pai mau a olhar para nós… bem acho que também não é assim tão mau, afinal está sempre a dar coisas boas aos nossos pais canários, que por sua vez as dão a nós. Ainda no outro dia deu-nos um ninho novo, limpinho e com cheirinho que pôs de um spray. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Hoje foi dia de aventura, temos dezoito dias de vida. Eu e o meu irmão temos estado a apostar quem vai sair primeiro do ninho, ultimamente passamos muito tempo a exercitar as asas para o nosso primeiro pequeno voo e ganhei a aposta, fui o primeiro a voar… quer dizer foi um voo directo de nariz no chão da gaiola. Com alguma dificuldade consegui depois de inúmeras tentativas voltar ao ninho, os meus pais canários andaram sempre de volta de mim incitando-me a voltar para o ninho. Davam-me pouca comida de cada vez para eu ir atrás deles, enfim foi um sucesso, saí e voltei para o ninho. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Já estamos com vinte e cinco dias de vida, o pai mau retirou o ninho da gaiola, isto é só boa vida, comemos, saltamos de poleiro em poleiro atrás dos nossos pais para nos darem comida, mas são uns cotas, mandam-nos comer directamente dos comedouros, dando-nos cada vez menos comida.
A mamã está a começar a passar-se, por cada bocado de comida que nos dá tira-nos uma ou duas penas, o que nos safa é que já voamos razoavelmente e fugimos; já aprendemos a desenrascar-nos comendo as papas e algumas sementes que vêm juntas. O papá às vezes também se zanga com a nossa pedinchice e bica-nos na cabeça, eu já nem me chego a ele prefiro a mamã mesmo às vezes ficando sem uma pena!
É eu tinha razão o pai mau sempre não é tão mau assim, ralhou à mamã por nos andar a arrancar as penas, deu-lhe um ninho novo e meteu umas coisas fofas na gaiola que ela leva toda ufana para o ninho. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] O papá está muito contente com a mamã, anda sempre de volta dela a cantarolar. Tirando o facto de, sem razão aparente, o papá de vez em quando nos tentar bicar, pode-se dizer que somos uma família feliz. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Hoje, o pai mau separou-nos dos nossos pais canários, ainda somos novinhos, só temos trinta e dois dias, não percebemos porque o faz, será por nos pormos a espreitar a mamã e o papá, na borda do ninho? [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Temos uma casa nova com mais meninos como nós, tudo nos é estranho e, porque como não sabemos calcular bem a distância entre poleiros, às vezes parece que estamos a aprender a voar pois as distâncias são bem maiores, para além disso à aqui dois ou três atrevidotes que se metem comigo e com o meu irmão, vou ter que os por finos, a um deles já o biquei para saber quem manda… ah, pois é!... [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Não sei não, ou é impressão minha ou nesta casa o rancho é melhorado, comemos muito e bem, apesar de às vezes termos de brigar com os outros por um bocado mais apetecível; como andamos sempre de um lado para o outro não engordamos, o meu irmão deixou de me ligar e eu como paga faço-lhe o mesmo. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Acho que não estou doente mas estão a cair-me as penas, a hora do banho para mim é um bom tónico as novas penas estão a começar a crescer luzidias e sedosas. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Não ando a gostar nada de uma coisa! O pai mau hoje meteu-me sozinho numa gaiola. Passa muito tempo a olhar para mim e de vez em quando fala-me num tom suave, como se eu entendesse o que ele diz. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Tenho já a minha nova fatiota e não é para me gabar mas que tenho cá um estilo que, ninguém duvide, dou um autêntico Adónis! O pai mau até já cá trouxe amigos dele que estiveram um data de tempo a apreciar-me. Sou mesmo bom! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Vem aí trabalho, os cotas aqui do canaril, disseram-me que eu e mais cerca uma dúzia de amigalhaços íamos participar em concursos onde estariam muitas centenas de canários. Já percebo agora o desvelo do pai mau para comigo, até para me agarrar o faz com tanto cuidado como se eu fosse uma valiosa peça de cristal. Tenho nesta já quase oito meses de vida. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Devemos estar perto do grande dia, hoje o pai mau deu-me banho com as próprias mãos, até que não foi muito mau, teve muito cuidado e não me foi nada para os olhos. Secou-me muito bem e meteu-me numa gaiola imaculada. Isto é que é qualidade de vida! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Falei antes de tempo, a qualidade vida foi-se; hoje fui mais uma vez metido numa nova gaiola, desta vez minúscula, durante umas duas ou três horas, deu para perceber que me estava a estrear numa passeata de carro. O pai mau ia com mais dois amigos numa conversa que nunca mais acabava penso que deviam estar a falar de mim apesar de não perceber nada, eram os mesmo que tinham estado lá em casa a olhar atentamente para mim. Finalmente fui retirado da minúscula gaiola e metido numa parecida com a de lá de casa, estavam lá muitos pais maus e também muitos canários que eu nem sabia que existiam. Os novos pais maus deram-me uma comida parecida com a de lá de casa e água com um gosto meio esquisito esquisito colocando-me de seguida numa… prateleira. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Tentei perceber o que se passava perguntando aos outros colegas mas estavam na mesma situação que eu era a primeira vez que ali estavam apesar de alguns já terem andado por outros lados, com algum receio o tempo foi passando até que escureceu e tudo ficou em silêncio. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Com os alvores do novo dia acordei, por acaso bem disposto, ouvia os meus companheiros a falarem uns cons os outros assim como uns esquisitos, uns de cores exóticas e outros de bico curvo, a dizerem mais ou menos a mesma coisa, hoje ia ser o grande dia, grande dia de quê? Ia ter mais horas? [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Hoje não havia tanto barulho como ontem mas estavam lá novos pais maus que deambulavam por entre as prateleiras. Algum tempo depois comecei a ver pais maus a passar em frente a mim com gaiolas, para a frente e para trás, De repente as gaiolas da minha prateleira começaram, também, a ser levadas, até que chegou a minha vez fui também levado. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Colocaram-me numa mesa juntamente com outros companheiros, diante de dois pais maus que olhavam com um ar muito sério para nós e de vez em quando falavam baixinho um com o outro, como se não quisessem que os ouvissemos, mesmo nada percebendo do que eles diziam. Engraçado! O meu mano também estava ali por fim ficamos só quatro em cima da mesa os outros companheiros foram sendo retirados um a um, se calhar era por isso que um dos pais maus lhes dava com uma varinha nas grades. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Não percebia porque havia colegas a gritar já ganhamos, já ganhamos! Finalmente entendi éramos os últimos de umas dezenas largas da mesma raça e senti que algo de bom me ia acontecer. Puro engano, fui retirado da mesa. O meu mano é ficou lá e deve ter ganho um prémio, mas não sei o quê, pois colocaram-lhe na gaiola uma espécie de distico! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] No dia a seguir nunca tinha visto tantos pais maus juntos paravam em frente aos meus companheiros a conversar, em frente ao meu mano e às vezes vinham olhar-me fixamente, não percebia nada do que se passava mas começava a ficar cansado. Um pai mau passou um ralhete a um filhotes dele por me ter assustado. Até me magoei numa asa. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Foram cinco dias esgotantes o meu pai mau foi-me buscar ao fim da tarde e zangou-se com outro pai mau que me queria levar, não percebi o que se passava pois o meu pai mau apontava para o meu mano e acenava com a cabeça e o outro apontava para mim. Ao fim de algum tempo o outro pai mau levou o meu mano enquanto o mau pai mau, com ar satisfeito pegava em mim e nos meus colegas e nos metia, de novo, nas gaiolas minúsculas.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Colocado de novo na minha casa comecei, no dia seguinte a dar azo à minha satisfação cantando a plenos pulmões juntamente com os meus colegas, passaram-se assim três meses. [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] A Primavera estava a chegar os dias eram maiores e com mais luminosidade, a vida sorria-me e eu cantarolava o dia todo: depois havia umas canárias bem giras em frente e nós a quem catrapiscava-mos os olhos, o meu pai mau olhava para mim e para o sitio onde estavam as meninas, havia lá uma que gostava de mim, respondia ao meu canto saltitando junto à grade piando e olhando para mim.
O pai mau é mesmo muito mau, colocou a menina na minha gaiola mas do outro lado de uma grade, até me penduro na divisória só para chegar junto dela, ela, mázinha, faz-me cenas sensuais quando lhe canto… se a apanho!!! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Hoje, o pai mau tem um ninho na mão, está a colocá-lo na parte onde está a já minha namorada, coloca também umas coisas fofas que ela começa a levar para o ninho. Olha para mim e não… não me acredito… ele vai, vai mesmo retirar a grade divisória salto logo para junto da minha namorada, que contentamento, Yupiiiiiiiii! Yupiiiiiiiii! Yupiiiiiiiii! [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
FIM.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem] Um grande testemunho em forma de história de encantar ,magnifico Armindo ,só mesmo para mestres e se ensina ,muito obrigado por esta brutalidade ,espectáculo ,nem tenho palavras para isto ,muito bom mesmo e se ajuda
Última edição por José Luis em Seg Jun 10, 2013 9:47 pm, editado 1 vez(es)
José Luis Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 4367 Idade : 54 Localização : Lisboa Ocupação : Metalurgico Humor : De tudo Data de inscrição : 25/05/2011 Pontos : 4927
Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Seg Jun 10, 2013 9:46 pm
Meu coração guarda, uma saudade grande, das tardes onde vi seu rosto serio, pensativo.
Era verão, um calor forte, onde vi rolar, em verdes mares, onde meu azul, sentiram sua emoção.
Toquei para ti, naquela canção, pedi a Deus para você, ficar mais tempo.
Deus me atendeu... três anos passaram, e meu belo pássaro ficou triste, eu não sabia, daquela tristeza, nada êle falou-me.
Em uma manha de Domingo, meu amado passarinho, resolveu alçar voo, partiu....
Hoje toquei sua música, recordo, seu jeito, nossos momentos...só nosso!
Naquele Domingo te prometi algo, está chegando a hora, de cumprir minha promessa, a liberdade.
Finalmente terminar minha procura,minha espera, juntos caminharemos de mãos dadas, seremos três, ãos olhos de Deus!
jorgemeida Moderador
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Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Ter Jun 11, 2013 3:41 pm
Muito bom
José Luis Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 4367 Idade : 54 Localização : Lisboa Ocupação : Metalurgico Humor : De tudo Data de inscrição : 25/05/2011 Pontos : 4927
Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Dom maio 11, 2014 10:23 pm
A menina e o pássaro encantado [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...
Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão. "- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".
E assim ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça. "... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes."
E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.
Mas chegava sempre uma hora de tristeza. "- Tenho que ir", ele dizia. "- Por favor, não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar...". "- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. “- Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar."
Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada. "- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".
Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.
Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.
Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro. "- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das histórias... Sem a saudade, o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu.
O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.
E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo... Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...". "- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...". E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.
"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...". E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos... "- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje..."
Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar. Ah! Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...
E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “- Quem sabe ele voltará amanhã..."
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro. (Rubem Alves)
J.Paulo Membro Experiente
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Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Dom maio 11, 2014 11:53 pm
muito bom obrigado pelo prazer das suas historias e fotos
brunogomes Membro Experiente
Sexo : Nº. Mensagens : 748 Idade : 42 Localização : Feijo Ocupação : caça e pesca Humor : muito Data de inscrição : 07/10/2010 Pontos : 800
Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Seg maio 12, 2014 11:20 am
O Armindo grande criador de Arlequins ....
jorgemeida Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 9468 Idade : 59 Localização : lisboa Ocupação : eletrecista--desempregado Humor : razoavel Data de inscrição : 19/04/2012 Pontos : 10917
Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Seg maio 12, 2014 12:25 pm
José Luis Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 4367 Idade : 54 Localização : Lisboa Ocupação : Metalurgico Humor : De tudo Data de inscrição : 25/05/2011 Pontos : 4927
Assunto: Re: O Diário de um Pássaro Seg maio 12, 2014 12:52 pm
Armindo Tavares um excelente homem e pessoa ,escreve a verde nos foruns ,tive o prazer de lhe dar um abraço e privar com ele ,muito bom criador e um grande impulsionador desta nossa e única raça registada mundialmente Obrigado eu J.Paulo pela sua visita a esta humilde secçâo ,apareça sempre amigo ,forte abraço a todos .
José Luis Moderador
Sexo : Nº. Mensagens : 4367 Idade : 54 Localização : Lisboa Ocupação : Metalurgico Humor : De tudo Data de inscrição : 25/05/2011 Pontos : 4927
Assunto: O Tempo Cura Tudo Qui Abr 02, 2015 10:19 pm
Era uma vez um passarinho que morava num ninho no alto de uma mangueira. Quando a mamãe passarinha saía cedinho para procurar alimento, falava: - Ó filhinho, não saia do ninho. Você ainda é um filhotinho, pode cair lá embaixo e se machucar. Mas o passarinho morria de vontade de dar as suas voadinhas, experimentar as suas asinhas cheias de peninhas. Experimentou uma vez. Experimentou a segunda. Quando experimentou a terceira, caiu e quebrou uma asa. Saiu, andando pelo chão, arrastando a asa, procurando uma ajudinha. - Ó minha amiga vaquinha, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha. A vaquinha, muito mal-humorada, disse que não entendia de asas. O passarinho continuou o seu caminho, arrastando a sua asinha quebrada. Até que encontrou um cavalo e pediu ajuda de novo, coitadinho.
- Ó meu amigo cavalinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha. O cavalo relinchou e disse que não consertava asas. Não era veterinário. E lá se foi o passarinho andando, pedindo ajuda a todo mundo que encontrava, ouvindo sempre o mesmo. Até que encontrou um rio, muito transparente, e parou para beber água.
Ó meu amigo riozinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha! E o rio de águas claras cantarolou: - Bote aqui a sua asinha bote aqui no leito meu e depois não vá dizer que você se arrependeu. E com todo cuidado, enfaixou a asinha do amiguinho, sorrindo dizendo: - Dá um tempo ao tempo, fique quieto uns dias no seu ninho, meu passarinho! E foi o que o passarinho fez.
Voltou para o seu ninho e deixou o tempo passar, bem quietinho. O tempo passou.
Ele sarou e aprendeu a voar bem direitinho. ”O tempo cura tudo. É só dar tempo ao tempo, ele nos deixa mais experiente para ser-mos obedientes e não cair-mos nos mesmos erros.”
Carochinha, que pulas, no terreiro Vem contar-me uma história – bem bonita... No peito, ( envelhecido!), ainda palpita O coração infante – e aventureiro!
Quando te vejo assim – a saltitar Com teu passinho lépido e faceiro Sinto o desejo ardente – alvissareiro De lá na infância, (então!), poder voltar!
Não te impressiones, meigo passarinho: É que lá eu tinha Amor – tinha carinho E aqui Saudade eu tenho – e Solidão!
Mas, não importa! Que Deus, por certo, sabe Que esta Dor que no peito já não cabe É a Dor da Alma – na Crucificação!