Qualidade.
Esse é o fator de maior importância na escolha dos anzóis, pois as vezes a economia porca quando se compra um anzol vagabundo determina o resultado da pescaria, dizendo se o anzol vai abrir na briga com o peixe de nossa vida, dizendo o pq de perder tantas fisgadas, etc.
O que determina se um anzol é de boa qualidade?
* Afiação: Normalmente os anzóis de boa qualidade são afiados quimicamente isto é, num processo eletrolítico, alguns ainda têm suas pontas recortadas em estampo, porém nunca chegarão a serem tão afiados quanto os que passaram por eletrólise;
* Material: Todos anzóis exceto uma meia dúzia quase inexistente aqui no Brasil são feitos em aço carbono, mas a qualidade do aço carbono tb muda, imaginem a comparação entre uma faca Solingen e uma Tramontina, onde está a diferença....no AÇO, então consideremos a comparação entre um anzol xing-ling sem marca e um Gamakatsu, a diferença de qualidade do aço muda muito !!!!!
Considerem que um aço ideal para os anzóis deve ter flexibilidade, maleabilidade e resistência, anzóis muito duros são quebradiços.
* Revestimento: Quase todos são niquelados por eletrólise, uma meia dúzia recebe outros tratamentos, mas são tão pouco usados que nem é conveniente comentar. A niquelação tb muda de um ching-ling para um Owner (ou Gamakatsu se preferirem), pois ela é que vai determinar o quanto tempo a ponta permanecerá afiada e qual será a vida útil do anzol.
Curiosidade sobre os anzóis de aço INOX.
Sou obrigado a comentar sobre esses tipos de anzóis, pois apesar de muito pouca gente usar, mas muito pouca mesmo (ninguém que conheça pessoalmente).....são sempre falados e citados nos fóruns por pessoas que não os conhecem...
Sei disso pois em mais de 10 anos que trabalhei no setor de pesca, presenciei no máximo uma meia dúzia de ligações de interessados nesse anzol, mas nenhuma compra efetiva. Comprei alguns desses do Gregório que montava iscas de fly só por curiosidade, cheguei até a vender alguns deles a um amigo de outro fórum e ainda possuo alguns, porém não os uso mais.
A maioria dos que conheço, citam e comentam sobre "anzóis INOX" mas sei que nunca viram um na vida, então para não continuar a desinformação sobre esses, tentarei ser o mais claro possível.
Se vc deseja comprá-los, não vai encontrar em qualquer lugar, talvez em no máximo umas 3 ou 4 lojas pelo Brasil, só quem usa esse material sabe onde comprar, pois muitas vezes até na loja onde tem, o vendedor que tb não conhece diz que não possui...
Esse tipo de anzol tem como vantagem não oxidar nunca, seja dentro da sua caixa de pesca, na asa de uma ave marinha, no estômago de uma tartaruga, ou na boca de um peixe que por ventura arrebentou a linha e ganhou um “piercing”....
Além de 1-difícil de achar é 2-caro, 3-fraco, 4-não tem ponta boa, 5-limitado a poucos tamanhos e 3 modelos (octopus, o’shaughnessy curto e médio) e 6-anti-ecológico...., então como os defeitos superam as qualidades esse tipo de anzol não é preferência da maioria dos pescadores.
Em suma, o fato do anzol ser inox não determina necessariamente que o anzol seja de boa qualidade.
Mustad 34007 tipo O'Shaughnessy
Desenho (formato).
Em outras matérias que li pela net os tipos de anzóis são mostrados e como uma regra é colocada uma ridícula indicação a algum tipo de peixe em específico, a algumas espécies (distintas e muito singulares) ou a utilização em água doce ou salgada.
O maior erro nem é de quem escreveu isso e sim de quem lê e leva isso como regra.
Gostaria de deixar bem claro que não existe uma regra para se usar determinado modelo de anzol, principalmente aqui no Brasil, pois convenhamos que até as 3 fábricas de anzóis que existiam aqui no Brasil (que já fecharam) só produziam cópias de modelos estrangeiros teoricamente desenvolvidos para outros peixes (de seus países de origem).
Quem vende ou está escolhendo um anzol erra tb em determinar o anzol pelo tipo de peixe, por exemplo o modelo wide gap ficou conhecido como “anzol de robalo”, anzol de robalo pq?? Se quando vou pescar com ele pego só pescada, corvina, badejo, bagre, michole, guaivira, ubarana, linguado, etc. menos o robalo? Se quando uso eles no pesque pague só pego pacu, matrinxã, dourado, pintado e catfish? Se quando uso eles em Panorama só pego tucunaré, traíra e piranha? Se quando pesco com o modelo suzuki pego até mais robalo que com o wide gap..... convenhamos que definitivamente o wide gap não é um anzol desenvolvido para pesca do robalo, mas adaptado por nós brasileiros a ela.
Mais uma vez ressalto que todos anzóis que são vendidos aqui no Brasil não são desenvolvidos para peixes brasileiros, então vamos a partir de hoje escolher o anzol mais indicado para tal pescaria e não anzol de robalo, anzol de pacu, anzol de tilápia, anzol de PqP....
Por curiosidade alguns dos modelos conhecidos pelo imaginário popular e suas reais definições:
> Anzol de pacu: Todo anzol curto, com bico torto e grosso, em sua maioria são modelos “live bait” e as vezes até modelos especiais para jumping jigs...pq será que um anzol para isca viva virou anzol de pacu?
> Anzol de tilápia: Qualquer anzol pequeno....
> Anzol japonês: Qualquer anzol que tenha o nome japonês ou que tenha um formato diferente, independentemente se for um Mustad Maruseigo (norueguês), um Maguro 4330 (nacional), um Argus chinu (made in China) ou um VMC de desenho estranho (França).
Se fosse correto determinarmos o anzol pelo tipo de peixe a ser pescado, os aficcionados da pdp, não usariam os modelos akitakitsune (para enguias), nijimasu/ sode/ hansurê (para truta), suzuki (para sea bass), pin hook (para crappie), etc... pois esses não seriam recomendados para os peixes que normalmente pegamos na praia.
Nacionais arquivo pessoal
Aqui podemos ver alguns anzóis nacionais antigos,
A- Kruel tipo live bait.
B- Maguro tipo haddock hook.
C- Anzol de fabricação artesanal fabricado com mola de colchão.
Anzóis Mustad arquivo pessoal
Alguns anzóis antigos da marca Mustad (Noruega) a mais antiga marca comercial de anzóis do mundo.
A- 277-E tipo crystal.
B- Tipo Haddock hook.
C- Needle Eye o popular “fundo de agulha”.
D- Tipo O’Shaughnessy.
E- Modelo muito antigo que eu desconheço, ele tem a base da haste achatada e furada.
Desde a década de 80 vem aparecendo modelos novos de anzol para facilitar a fisgada e evitar que o peixe escape, anzóis mais antigos, ainda fabricados, caíram em desuso pelos que já experimentaram os mais modernos. Desses que apareceram a partir de 1980, posso citar os MODELOS suzuki, maruseigo e o sode, já da dec. de 90, apareceram os akita, nijimasu, hansurê, kentsuki ryusen, chinu, etc. Alguns como já vi aqui pelo fórum ainda usam modelos antigos como os crystal (260H), octopus e 277-E (Accu Point), mas garanto que são de marcas boas e conceituadas.
Particularmente gosto dos modelos maruseigo (yamajin), shiro kitsune, shiner hook, suzuki, chinu, long shank e aberdeen mas as vezes uso o que tenho na mão.
Características comuns dos vários modelos de anzóis
Já que ficou entendido vamos aos modelos:
Modelos tradicionais
Kirby:
kirby img
Esse é o modelo mais tradicional e antigo de anzol produzido em série. Até meados da déc. De 70 aqui no Brasil só existia desse modelo. Teoricamente é um anzol multi-funcional, porém já muito ultrapassado e não se destaca efetivamente para nenhuma pescaria.
kirby arquivo pessoal
Nessa foto de minha coleção tem 3 anzóis do tipo kirby que tem mais de 50 anos, eram de meu avô da época em que ele pescava no rio Paraná e nesse nem havia represas, não sei de que marca são mas os três (A, B e C) pertencem ao mesmo tipo (Kirby).
O’Shaughnessy:
O’Shaughnessy img
Anzol reto forjado, muito comum até a 1° metade da déc de 80, mas ainda hoje largamente empregado na pesca profissional (espinhéis) e na confecção de iscas de fly.
Sua utilização na pesca esportiva é pequena, já que se caracteriza por não ser muito eficaz no instante da fisgada.
O’Shaughnessy arquivo pessoal
Todos da foto são O’Shaughnessy, independentemente do comprimento, revestimento ou diâmetro do aço.
A- Mustad.
B- Mustad, porém bem mais grosso e sem o acabamento forjado.
C- VMC estanhado.
D- Eagle Claw.
E- Mustad bem curto e reforçado.
F- Mustad 34007 inox.
Modelos mais recentes:
Baitholder
baitholder img
Traduzindo ao pé da letra “segurador de isca”, os baitholder são os anzóis com garras nas costas que seguram a isca (morta) evitando que ela escorregue até a ponta do anzol. Esse modelo foi moda na década de 80 e início dos anos 90, mas com modelos novos e mais eficazes sendo difundidos no mudo da pesca, os baitholder são cada vez menos utilizados.
baitholder arquivo particular
Exemplos de anzóis baitholder
A- ?? provavelmente Mustad.
B- A marca com certeza é Mustad mas não sei o código do fabricante.
C- Mustad 92247.
D- Eagle Claw.
Anzóis de haste longa, carlisle, long shank, crystal e aberdeen hook
haste longa img
Carlisle
O carlisle na verdade é um Kirby de haste longa para facilitar a remoção do mesmo quando um peixe engole. Normalmente são pintados ou recebem um verniz superficial, são usados no exterior somente com isca morta para pesca em água doce, aqui no brasil quase não são comercializados.
Long shank
Característico por possuir haste longa e bico curvado é ainda um anzol sem similares pois recebe tratamento superficial superior que os carlisle e são até produzidos por marcas de ponta como os Gamakatsu e Owner, Esse anzol é extremamente eficaz para peixes que engolem a isca ou do tipo que é difícil de ser capturado com empates de aço, como o robalo e o baiacu.
Antes do aparecimento do suzuki e do wide gap eu utilizei muito desse anzol para pesca do robalo. Ainda gosto muito do modelo, tendo em vista que a uma semana atrás comprei uma variedade deles.
Crystal
A série de anzóis denominada crystal, engloba vários anzóis com características similares, sendo que basicamente se conhece por crystal o anzol que possui haste fina, farpa pequena e ponta bem afiada.
O anzol tipo crystal foi o primeiro dos anzóis desenvolvidos para ter uma melhor performance no instante da fisgada, porém devido ao diâmetro reduzido da haste é um anzol fraco. Normalmente é usado para peixes de pequeno porte com isca morta.
Aberdeen hook
Apesar de ser um modelo originalmente inglês para montagem de iscas de fly, tem muita gente aqui no Brasil (incluindo eu) que usa esse anzol para pescarias convencionais com isca morta, ele tem as mesmas características básicas do crystal e do long shank, porém não tão frágil como o crystal e não tão pesado como o long shank.
aberdeen img
Anzóis de haste curta
Octopus
octopus e octopus light circle img
Anzol curto, com ponta curvada e olho virado para trás, é um anzol bom para pesca de carpas, onde se usa bolinhas de massa como isca e o peixe não tem dentes para cortar a linha. A forma correta de se amarrar um octopus é passar a linha pelo olho e dar o nó na haste do anzol. Esse modelo é usado muito para montagem de pernadas com anzóis em tandem.
pernada com dois anzóis octopus em tandem (foto arquivo pessoal)
Atualmente são fabricados modelos de octopus com ponta circular, chamados de octopus circle ou octopus light circle na sua versão mais leve, são utilizados na pesca marítima com isca morta de espera.
Live bait
Varios anzóis do tipo live bait
O live bait é um anzol para iscas vivas, porém para pesca pesada. Caracteriza-se por ser um anzol de haste curta, ponta curva, e muito resistente.
Alguns live bait de meu uso
A- Hayabusa.
B- VMC.
C- Mustad 92676.
D- Gamakatsu.
E- Owner.
Mutu circle ou nautilus circle
O mutu circle é o modelo de anzol que genéricamente ficou conhecido como circle hook (que veremos mais a frente), muito usado na pesca em mar, é muito bom na pesca de espera com isca morta. Como o octopus, tb encontramos os reforçados e os de haste mais fina, melhores para pesca de praia.
Anzóis de abertura larga
Wide gap
Traduzindo ao pé da letra “abertura larga”, o wide gap é um anzol criado para a utilização de iscas vivas em pescarias leves, isto é de peixes com boca sanfonada e articulada (robalo, black bass, tucunaré,etc).
wide gap hook arquivo pessoal
A- Supermarine Kaizugata.
B- Gamakatsu Susuki..
C- VMC.
D- Mustad 37141.
Suzuki
Um tipo de wide gap japonês usado na pesca do sea bass (suzuki, seigo, etc), aqui no Brasil o suzuki tb é muito usado na pesca do robalo e de praia, sem dúvida para quem pesca com isca viva é um excelente modelo de anzol.
Modelos de anzóis para uso com iscas artificiais
Além dos já tradicionais offset para minhoca artificiais (foto acima) que são mostrados em todos outros sites e fóruns mas não são usados na pesca com iscas naturais vivas ou mortas, existem alguns modelos muito mais interessantes e de utilidade para nós como:
Já usei o drop shot hook para camarão morto e o finesse wide gap para camarão vivo, deram excelentes resultados. Tb já vi gente usando o limerick para corrupto na praia, de acordo com esse pescador as farpas (uma de cada lado) seguram melhor o corrupto que o tradicional baitholder.
Anzóis para confecção de iscas de fly
Apesar de não serem usados normalmente para pesca convencional, eu já utilizei o Aki Hook da Owner e tive bons resultados pois já sabemos que não existem regras que determinam a utilização dos anzóis.
Anzóis para jumping jig
Similares em formato aos live bait, foram criados para montagem nos jigs (vertical jigs) assim como em anzóis auxiliares (assist hooks). São excelentes para pesca com peixes vivos como isca.
assist hook img
Em geral os anzóis desenvolvidos para iscas artificiais são excelentes para pesca convencional, o único fator que pesa na escolha de um anzol convencional para um modelo de isca artificial é o preço bem mais alto.
Modelos para usos especiais
Muita gente usa tb modelos de anzóis não convencionais, como não sou adepto a esses modelos não tenho muito a comentar....
Especiais
A- Walleye hook.
B- VMC de 3 farpas.
D- Haddock hook.
E- Tru Turn new bait holder, parece um kentsuki da Gamakatsu.
Big game
Verdadeiros ganchos de açougue desenvolvidos para pesca pesada, muito raramente usados an pesca esportiva amadora. Alguns desses modelos possuem argolas soldadas, estampadas na própria haste (needle eye), chegam a ser absurdamente grandes e caros como os da foto abaixo:
Circle hook
Anzóis desenvolvidos especificamente para pesca profissional com espinhéis (long lines) erroneamente confundidos pelos pescadores com os mutu circle e octopus circle, os circle hooks verdadeiros foram criados para evitar que animais marinhos como aves e tartarugas sejam pegos nas longas linhas de espera.
Ao contrário do que muita gente pensa, o circle hook não é usado na pesca esportiva amadora, pois serve somente para grandes exemplares que são capurados em espinhéis de espera com isca morta.
Nessa foto de meu arquivo particular fica bem claro a diferença de um circle hook (C) para um Gamakatsu Nautilus Circle 6/0 (B) e para um Owner Mutu Light Circle 3/0 (A) esse último o que comumente usamos.
Oxidação: é um tratamento mais simples que consiste em oxidar a parte externa do aço (Fe2O3), deixando assim a superfície mais dura.
Não exige nenhum preparo após o anzol sair da produção.
Esse tratamento não protege o anzol de corrosão, por isso dura bem pouco.
Tratamento superficial.
Esse é um modelo da Mustad (1668 n°15/0), oxidado, para pesca de tubarão no sistema pesque e solte, onde o cara corta a linha antes do bicho entrar no barco, assim o peixe sai c/ o anzol na boca e ele se dissolve rapidamente.
A Gamakatsu tb faz uns modelos de anzóis oxidados porém são pouco conhecidos aqui no Brasil.
Estanhagem e cadmiação: são tratamentos que visam diminuir o processo corrosivo da água salgada, normalmente são usados em anzóis para pesca profissional oceânica (long liners), esse processo além de caro exige que os anzóis recebam uma decapagem superficial com ácido, para que num processo eletrolítico o estanho ou cádmio se agregue à superfície do metal (aço).
Devido a decapagem, os anzóis pequenos com afiação química (os que normalmente usamos) perdem a ponta devido a corrosão do ácido. São largamente empregados na pesca profissional, já que são muito mais resistentes a tração que os inox.
Na foto se vê uma garatéia VMC Canelle 9626PS 5/0 estanhada, um Eagle Claw Circle 9/0 p/ long line estanhado e um Mustad 34007 7/0 inox.
Coloração química: processo desenvolvido com mera função de atrair mais os peixes ou esconder o anzol na isca, não altera em nada as propriedades dos anzóis mas sai bem rápido, principalmente no mar com a corrosão da água e o atrito da areia.
Esse Gamakatsu Maruseigo rosa diziam que era para o peixe não ver quando se pesca com camarão, será verdade????
Douração: acho tb que é uma forma de deixar o anzol mais atrativo, já que sai fácil no mar e não protege de nada o anzol da corrosão.
Niquelação: é o processo mais usado na produção de anzóis, são todos os prateados que conhecemos, td é um processo eletrolítico porém o níquel se prende mais facilmente à superfície do aço que o estanho e cádmio, então eles não sofrem uma prévia decapagem, mantendo assim sua ponta original.
De uns tempos para cá surgiram os "Black Nickel" que é uma niquelação mais durável tanto em relação à corrosão da água do mar quanto ao desgaste da areia, sem dúvida a melhor opção atualmente.