O Sisão
Distribuição e BiologiaDistribuiçãoO Sisão apresenta uma distribuição altamente fragmentada, ocupando dois núcleos reprodutores principais: um ocidental, abrangendo a Península Ibérica, França e extremo sudeste de Itália (na Sardenha), e outro oriental, no sudeste da Rússia Europeia e o Kazaquistão. Na actualidade reside na Península Ibérica a população mais viável desta espécie, com mais de metade do efectivo mundial.
Em Portugal o Sisão ocorre principalmente no Alentejo, com uma população estimada entre 10.000 e 20.000 indivíduos. Segundo os dados provisórios do Novo Atlas das Aves que Nidificam em Portugal cerca de 85% da distribuição da espécie ocorre no Alentejo, concentrando, no entanto, a quase totalidade da população nacional, estimando uma proporção de 90 a 95%.
Migração e movimentosAs populações do Sul da sua distribuição, em particular da Península Ibérica, tendem a ser sedentárias ou parcialmente migradoras, ao contrário das populações do Norte que são totalmente migradoras. Apesar do conhecimento ser parco neste domínio, foi provado recentemente a invernada na Extremadura Espanhola de Sisões que se reproduziram em França (Bretagnolle, com pess.).
Organização socialNa época de reprodução, os machos adultos formam territórios onde efectuam as paradas, que são visitados pelas fêmeas com o único objectivo de serem copuladas. No Inverno é gregário. Nessa altura, os bandos podem atingir centenas ou mesmo milhares de indivíduos e é habitual o uso de dormitórios comunitários.
Dimorfismo sexualOs machos em época de reprodução apresentam uma plumagem nupcial distinta da das fêmeas.
ReproduçãoAs fêmeas fazem o ninho no chão, seleccionando uma vegetação baixa, geralmente coincidente com pousios e na proximidade de machos em parada. A postura é habitualmente de 3 ou 4 ovos que são incubados durante 20 - 22 dias. As crias têm os cuidados parentais apenas da fêmea e completam o crescimento aos 50 – 55 dias.
Parâmetros demográficosA maturidade sexual é atingida no primeiro ou no segundo ano no caso das fêmeas e no segundo ano no caso dos machos. Há uma falta de conhecimento considerável neste campo.
Alimentação
Os adultos alimentam-se sobretudo de matéria vegetal, nomeadamente rebentos, folhas, flores e sementes. Em zonas agrícolas mostram preferência por leguminosas e crucíferas. A alimentação das crias é essencialmente animal, à base de insectos, principalmente gafanhotos e escaravelhos.
HabitatO Sisão ao longo do tempo adaptou-se aos meios agrícolas abertos. Os meios agrícolas para além de serem altamente intervencionados pelo Homem, são extremamente dinâmicos ao longo do ciclo anual. Por estas razões é determinante compreender de que forma o Sisão utiliza o meio onde vive ao longo do ano, por forma a delinear as medidas de gestão adequadas visando a sua conservação.
Na Península Ibérica o Sisão encontra-se particularmente bem adaptado aos sistemas cerealíferos extensivos.
Os sistemas cerealíferos extensivos – o que são?Corresponde a uma prática agrícola tradicional, onde é implementado um sistema rotativo com vários usos, como sejam os cereais, os pousios (que são sempre pastados) e os alqueives (lavrados). A propriedade é assim dividida em várias parcelas onde é aplicada a seguinte rotação (mais habitual): Cereal de 1º (mais exigente em nutrientes) → Cereal de 2ª (menos exigente em nutrientes) → Pousio (geralmente 2 ou 3 anos) → Alqueive (geralmente é aplicada uma cultura Primaveril de sequeiro como sendo o grão-de-bico).
Os sistemas cerealíferos extensivos também são denominados como:• Pseudo-estepes
• Estepe cerealíferas
• Planícies cerealíferas
Época de reproduçãoEste período decorre geralmente entre Abril e Maio, verificando-se algumas variações consoante se localizem mais a Norte ou a Sul do Alentejo.
Dependem fundamentalmente dos pousios, onde obtêm, por um lado, uma estrutura da vegetação adequada para os machos exibirem o seu comportamento nupcial às fêmeas e por outro para se esconderem dos predadores. Corresponde igualmente ao habitat com maior disponibilidade alimentar para as crias, que se alimentam quase exclusivamente de insectos durante as primeiras semanas de vida.
Época de VerãoO Verão nos países mediterrânicos caracteriza-se por ser seco, ou seja, a maioria da vegetação herbácea seca, o que tende a acontecer sobretudo nos solos menos produtivos. Porque a alimentação dos adultos depende sobretudo de plantas verdes, pensa-se que os movimentos destas aves durante este período está associado sobretudo à disponibilidade alimentar. De facto, estas aves estão associadas a zonas onde há mais plantas verdes, mas onde a estrutura da vegetação é adequada a uma boa visibilidade e à protecção que possam obter contra predadores. Encontram-se sobretudo associados aos restolhos (parte da planta que sobra depois do corte resultante da ceifa).
Época Outono-InvernoDurante este período a disponibilidade alimentar é maior, verificando-se a sua ocorrência principalmente nos restolhos epousios. Uma vez mais ocorrem em locais onde a vegetação lhes permite obter visibilidade e também protecção contra predadores. Curiosamente preferem os cabeços dos montes o que lhes trará vantagens ao nível da visibilidade e provavelmente na concentração de indivíduos.
AmeaçasEstes sistemas cerealíferos extensivos não são viáveis economicamente. Assim vê-se uma tendência para o abandono ou a florestação nos solos menos produtivos e a intensificação agrícola nos solos mais produtivos. A intensificação pode ocorrer de diferentes formas, destacando-se os projectos de regadio e a implementação de cultivos permanentes como fruteiras ou olivais.
Fonte: seguimentodeavesMais uma espécie não-cinegética, no entanto parece que há quem os confunda(ou quer confundir) com patos ou outras espécies.
Há que ter atenção e indentificar as espécies de caça.
Cumps