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 Histórias de mulheres que apertam o gatilho

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Rogério
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MensagemAssunto: Histórias de mulheres que apertam o gatilho   Histórias de mulheres que apertam o gatilho EmptyDom Nov 01, 2009 7:29 pm

Histórias de mulheres que apertam o gatilho Oatzk6


A mulher ainda é uma raridade no universo da caça. Cem, duzentas? Não há números oficiais. As que fazem parte deste mundo sentem-se bem e não reclamam privilégios, mesmo que eles insistam em concedê-los. Tratam-nas por diminutivos, fazem a comida e lavam a louça. Atiram piadas: "Mataste alguma coisa?" "Caçar de unhas pintadas?" "Trazes a mulher porque tens medo que a roubem?" Elas não fazem diferenças, vão para o terreno e sentem a adrenalina no momento de premir o gatilho. Umas

Susaninha, é menino ou menina?" "É um menino?" "Agora, é que é, temos caçador!" Susana sorri, conhece a frase. Ouve-a desde que ficou grávida pela segunda vez e se ouviu na família a tão desejada notícia: "É menino." É uma espécie de senha de acesso ao mundo da caça. A senha que José, o pai, espera desde que ela nasceu, há 31 anos. Até parece que Susana não é caçadora. Que não se colou ao pai, tornando-se na sua sombra. E que não tirou a carta logo que fez 14 anos, a idade mínima exigida na altura. A menina fez-se caçadora.
"Como era suposto ser rapaz, acho que isso colou. Andava com o meu pai para todo o lado, íamos à pesca, fazíamos canoagem e andávamos de bicicleta. A minha irmã também acompanhava, mas somos diferentes. Ela preferia ler, eu sempre gostei de andar no campo", conta Susana Silva.
Vai nascer mais um José na família e, entre o enxoval, não faltarão roupas e brinquedos alusivos à caça, em tons de castanho e verde, claro, as cores dos caçadores. Não são uma tendência, mas uma exigência para se confundirem com a natureza e surpreenderem a presa. Em jornada de caça, quem veste com outras cores está a dizer que não percebe nada do ofício. Para não espantar a caça, há logo quem empreste uma camisola verde entre o grupo de sócios do Clube de Pescadores e Caçadores de Tavira, que vão caçar para o Monte Tacão, perto de Mértola.
Vinte e cinco caçadores, entre eles três mulheres: Susana, Ana e Conceição, um concentração invulgar. Embora as mulheres comecem a aparecer com maior frequência neste reduto de homens.
Na verdade, a jornada começa na véspera. Na preparação das armas e dos acessórios, na escolha dos cães de acordo com as espécies a abater, na busca de um local para pernoitar.
Susana mora em Santa Maria da Feira, o que significa uma distância de 400 km ao couto do clube. Caminhou de véspera com o marido, Rui Pereira, e um amigo, José Marinho, um "mestre do tiro", dorme em Alcaria Ruiva. Foi ela que iniciou o marido na caça, outro facto invulgar. Em regra, o "vício" é uma herança de família, transmitido pelo pai, avó ou tio em 99% dos casos.
Os caçadores têm a fama, e o proveito, de se alimentarem bem. O grupo traz leitão da bairrada, melão e doces. Contam-se histórias ao jantar; enfatiza-se a habilidade na caçada; adia-se a ida para a cama, quando a ideia seria dormir antes da meia-noite. Não é recolher obrigatório e raramente é cumprido.
Susana fala no pai, "um grande caçador" e que "ficou a sofrer em casa", comenta a gestora e dona da Caçacambra, empresa que vende todo o tipo de material, armas, utensílios e roupa para a caça.
Conta a vez que acompanhou um grupo numa aproximação ao leão em África, na fronteira do Botswana com África do Sul. Seguiam num jipe e, inesperadamente, foram surpreendidos por uma leoa. O ataque foi travado a três ou quatro metros. "Senti medo, adrenalina, mas acima de tudo respeito pelo espectáculo que presenciei. Será provavelmente muito semelhante a assistir a um tornado, a uma tempestade no mar. É a nossa pequenez face à grandeza da natureza."
Também se fala dos dias em que nada se caçou ou de quando a Susana foi a única a regressar com presas. Criticam a lei das armas, "que discrimina os caçadores", lamentam os atrasos dos pareceres de impacte ambiental.
Perdiz é "rainha"
É domingo, "o dia do caçador". O alvo principal é a perdiz, considerada por muitos como "a espécie rainha". "É um pássaro bonito e muito rápido. É um abate em voo e o tiro tem de ser rápido e certeiro. É muito mais bonito que caçar lebres ou coelhos", explica Ana Paula Inácio, uma das três mulheres que se juntaram nesta caçada.
Susana e Conceição concordam e há quem avance que é uma preferência feminina. Não é verdade. Muitos homens, também, elegem a perdiz. E depois, manda a ética do caçador, não se devem abater quando estão a andar. Também não se tolera que se deixe o animal ferido ou que os cartuchos no final de cada "batida".
Caça-se numa zona associativa e as chuvas de Maio impediram o nascimento de crias, o que significa uma redução das espécies e acontece pelo segundo ano. Ao contrário da lebre e do coelho, em abundância. Calendarizam--se apenas quatro dias de caça à perdiz, reduz-se para cinco as espécies abatidas por dia, bem como as batidas, três em vez das habituais quatro.
Conceição, a ter-ceira mulher, vai de "batedor", no grupo comandado pelo "Dr. Tibério", que conhece bem o monte, os declives, as zonas onde se aninham as perdizes, as passagens pelas cercas que não dão choques. Pede silêncio, zanga-se com as desatenções. Avança-se no terreno para capturar a presa, mas também para a encurralar para "as portas", onde estão outros caçadores, entre eles a Susana e a Ana.
Ser ou não do meio
Susana e Ana nasceram no meio. Ambos os pais faziam negócio da caça. Cresceram a tomar-lhe o gosto, licenciaram-se com a perspectiva de tomar conta do negócio familiar. Não foi assim com Manuela Boucinha, que começou há 23 anos. Quando não havia mulheres a caçar; quando "a caça não estava apenas acessível a quem tem dinheiro", diz o marido, Jorge Pereira.
"O meu marido tirou a licença de caça [foi levado pelo filho mais velho do primeiro casamento]. Disse para ir com ele e, da primeira vez, matei logo dois pombos", conta Manuela. Acabava de descobrir uma vocação. Foi a primeira mulher a tirar licença de caça em Elvas.
"A minha mulher tinha um grande futuro na caça, se não tivesse os filhos para criar. Tem muitos predicados. É muito calma, serena, eu sou muito mais nervoso", conta o marido, sem lhe poupar adjectivos. E sublinha que é "muito feminina", além de ser melhor atiradora.
Feminina, bonita, simpática e mais nova que o marido, o que lhes valeu algumas piadas quando o Jorge aparecia com a mulher. "Tens medo de a deixar em casa?"
Tiveram cafés e venderam ginjinha na Feira Popular. Ele, na Ginjinha do Jorge; ela, na Ginjinha da Manuela. A natureza e a adrenalina em acertar no animal aliviavam-lhes o stress dos negócios. Reformaram-#-se, continuando a caçar.
"Tenho boa pontaria", reconhece Manuela sem falsas modéstias. Mas sublinha: "Não se acerta sempre. O que é bom é andar no campo, desfrutar da natureza, e compensa."
Ana Paula Inácio é filha do dono dos Cartuchos SulBeja. Licenciou-se em Gestão e tornou-se caçadora quando entrou para a empresa do pai. "Nunca tive problemas por estar no meio de homens. Nunca tive problemas em me relacionar com este meio", confidencia.
Garante que o abate não é o seu principal objectivo. "Estive um ano sem acertar em nada", conta. E não pensou em desistir? "Não, o que mais gosto é de estar em contacto com a natureza, a paisagem. Temos de estar atentos aos sons, aos cheiros. Comparo a caça ao surf e ao esqui [que pratica]. Estamos sozinhos em contacto com a natureza... e é aquele nervoso miudinho!"
E nem o facto de não gostar de se levantar cedo a demove de um dia de caça. "Aí é que vejo como gosto disto", comenta.
Caça grossa
"Bonito... é tudo bonito. O amanhecer e o anoitecer; o detectar; procurar, é tudo entusiasmante", tenta explicar Madalena Miguel, na sua casa em Aldeia Gavinha, Alenquer. Os pais, Fernanda e Sebastião, acompanham a conversa, sempre a atestar o gosto e o jeito da sua menina. Foi o avô Zé, conhecido por Zé Brejeiro, que lhe ensinou a arte. Criaram uma cumplicidade que só a morte do homem, há um ano, interrompeu. Ainda lhe saltam lágrimas com a recordação.
Muitos brincaram com Madalena quando pediu para tirar a carta de caçador. Diziam-lhe que ia ser como o padrinho, de fraca pontaria. Hoje, ouve piadas quando aparece de unhas pintadas. Ela olha para o pai: "Lembras-te? Quando fomos à caça do muflão [carneiro selvagem]? Estavas sempre dizer que ias dar um tiro certeiro. Dás quatro ou cinco tiros e não acertas. E fui eu que acertei em cheio..." O pai lembra-se, mas desculpa-se com a mira da espingarda.
Madalena licenciou-se em Engenharia Zootécnica, em Évora, e chegou a fazer directas para ir caçar. E fez da caça grossa o objecto de estudo da conclusão de curso. Esteve na Namíbia e na Lituânia, de onde recorda a sua melhor prestação. "Foi espectacular o meu lance de caça. Tinha lama até ao joelho, carregava o saco, os binóculos, a espingarda...e as melgas mordiam. Andámos a rastejar até chegar ao pé do corso, dei um tiro e dizem-me que acertei. Não consegui quebrar o animal, mas não é isso o mais importante", conta. O animal não ficou ferido de morte.
Em Portugal, a caça grossa mais acessível são as montarias ao javali, a partir de Janeiro. Madalena acha-lhes pouca graça, faltas-lhe grau de dificuldade. Gostava da caça de corricão, processo que foi proibido em Portugal. "É muito caro caçar no estrangeiro, não se pode ir sempre. Vou caçando coelhos e perdizes", lamenta. Mas, quando se casar, a lua-de-mel terá de meter caça.
De volta a Monte Tacão, num dia que nasce com nevoeiro. À medida que a neblina vai desaparecendo dá lugar a um céu azul vivo. O sol quente não se faz esperar.
O nevoeiro atrasa a primeira "batida", às 09.00, em vez das aprazadas 08.00. Susana está com uma barriga de cinco meses e estica a corda, andando, saltando vedações: "Estou aconselhada pelo médico, que é caçador", brinca.
A meio da manhã já telefonou para casa, para saber como está a filha, Camila, de dois anos. O marido passa entusiasmado com os abates do dia. Não dá por ninguém. "Viu? Nem me fala, não é típico dele", lamenta-se.
Abateram 76 perdizes, 62 lebres e 11 coelhos. Espécies que foram divididas de igual forma pelos 25. Tenham ou não caçado. Susana caçou uma perdiz e uma lebre. E finalizou o abate de uma lebre ferida pela Ana, que também acertou numa perdiz. Não foram as piores.


Fonte: DN
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